sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Desde sempre...

prontinha para ser entregue...

Seu comércio não ia tão bem como outrora. O bairro do Bom Retiro andou crescendo e a concorrência está cada vez mais acirrada. Porém, o seu diferencial permaneça intacto e isso era umas das coisas da quais Ling tinha para se vangloriar, mesmo levando-se em conta que as tradições milenares não parecem se renovar entre os mais jovens... entre os que nasceram foram da República Popular da China, e tiveram, na sua visão, a infelicidade de nascer “nisso” que apelidaram de Brasil.

Em Suzano, região metropolitana de São Paulo, o seu melhor fornecedor permanecia intacto, sempre fiel e pontual, mas ainda sim, Ling insistia que a “qualidade da matéria prima” poderia melhorar. Cobrava isso, até porque, pagava caro pelo que recebia. Cada “peça” girava em torno de 180, 200 reais.

Não bastando as dores de cabeça frequentes ocasionadas pela disputa com os rivais de comércio, Ling recebeu o baque final por esses dias, por assim dizer. Soube que seu fornecedor ficará impedido de lhe fornecer sua iguaria tão requisitada. Seu diferencial. A polícia baixou por lá e prendeu seus contatos... no Brasil, ao que parece, o que é tão habitual para ele e seus congêneres, mostra-se como crime.

Porque vacas, ovelhas, javalis, galinhas... enfim, porque tudo isso é visto com naturalidade e o que eu vendo não? – Pensava Ling. Qual a diferença? Não é tudo comestível, proteína do mesmo jeito?

A cabeça dos ocidentais era mesmo indecifrável, esses costumes questionáveis... E Ling nunca teve vontade de realmente se integrar a realidade do país. Vivia para sua família e para seu comércio. E só. Agora então, com mais esse problema, sua ira chegou ao nível máximo.

Tentou falar com “Roberto”, seu fornecedor, e só obteve a informação do paradeiro do mesmo através de um familiar. Estava preso. O parente do mesmo lhe disse que uma leva de cães já estavam enjaulados, uma beleza, cada um mais gordo que o outro, prontos para o abate, mas por causa de denúncias da população das cercanias, a polícia baixou no “açougue” e prendeu todo mundo.

Para Ling bastava de notícias ruins por hoje. Fechou o restaurante mais cedo e foi para casa... precisava ver algo na internet. Primeiramente acessou páginas referentes a sua terra natal e para sua surpresa se deparou com a seguinte noticia: China lança projeto de lei para proteger os animais(cachorros e gatos) dos maus tratos, e inclui 15 dias de prisão para as pessoas que comerem tais carnes, informava o jornal “China Daily”.Quem violar a nova regra pagará entre US$ 1.464 até US$ 73.239 de multa ao governo.

Sequer fez o procedimento padrão para desligar seu micro... Puxou-o da tomada sem o menor remorso tamanha raiva que lhe acometeu... Simplesmente pôs as mãos na cabeça e ficou meditando frente ao monitor. Os tempos estão mudando...
Guttwein, T.

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sábado, 20 de fevereiro de 2010

Dignitas...

O propósito estava definido há muito tempo. Aliás, tinha até fila de espera para tal, e havia chegado meu momento. Óbvio que sem o apoio da família, ninguém julgava certo ter de fazer tal coisa, mas... Na sua cabeça, cada qual que faça o melhor juízo de sua vida, e para ele, estava mais do que claro o que fazer.

Antes de chegar ao seu atual destino, tentou sem sucesso viagens para Holanda, Bélgica ou Luxemburgo. Para Washington ou Montana(nos EUA) ele também não obteve êxito. Restou então a Suíça. Ludwig Minelli estava a sua espera, por assim dizer... “É um direito Humano” dizia Minelli. Concordo, é um direito meu.

A integridade do lugar parecia inquestionável, talvez daí um dos motivos da escolha. Até o momento,soube de 1000 casos semelhantes ao seu ocorridos por lá. Imagino que, quando eu chegar, serei hospedado em um quarto simples. Quando tudo estiver certo, serei alocado para uma espécie de divisão mais apropriada, onde uma mistura química (inalatória ou não) que neutralizará meus sinais vitais... Imagino nada, sei perfeitamente que assim será. Essa que é a verdade.

Questiono-me se a vizinhança não se rebela contra essa instituição... Está localizada num bairro residencial. Não é porque a legislação do país aceita esse tipo de prática, que a população acaba concordando. Isso eu até compreendo. Não deve mesmo ser muito agradável almoçar sabendo que acontece esse tipo de coisa no seu vizinho.

Segundo o próprio Minelli, apesar da cena ser forte, devido aos violentos espasmos, quem por isso passa, não sente dor alguma. É uma reação do corpo que já se encontra sem vida. A consciência já se foi. Com ela a dor. O resto é espasmo mesmo...

Ter um câncer maligno no córtex nunca foi uma coisa muito animadora em minha vida. Chega a ser esbasbacante falar dessa maneira. Como poderia ser animador? Mas também, do que adianta prorrogar essa dor sem fim. Tem dias que praticamente perco meu juízo de tanta dor que sinto... Coragem para enfiar uma arma na boca e apertar o gatilho me falta também. Por isso dessa escolha. Viajar para a Suíça e cometer o suicídio assistido...
O questionamento que meus parentes fizeram eu não soube responder – Somos meros animais, que procuram o abatedouro mais próximo, assim que a dor nos visita? – Essa me pegou desprevenido, mas ainda assim, segui com minha opção. Cada um sabe a medida de sua força diante da sua dor... Por gentileza, joguem minhas cinzas ao mar...
Guttwein, T.


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terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Conexões...

Origem da Imagem (foto): http://www.scielosp.org/scielo


Andar pelas ruas de Madri, nos arredores do San Bernabeu, definitivamente não é para qualquer um. Que dirá se tiver jogo do Real. Imigrantes definitivamente não são bem vindos por aqui Mas como sou espanhol, não tenho muito que temer. A não ser que eu não fosse torcedor do Real e desfilasse por aqui com qualquer outra camisa... seria pedir para arrumar confusão.


O que me chamou a atenção nessa tarde, não foi a aglomeração de skinheads da Ultrasur ( torcida organizada de ultradireita do Real Madri), muito menos o grande número de policias que foram destacados para fazer a segurança desse jogo... e sim um pequeno cartaz que vi fixado em um poste.


Havia uma foto do Rio de Janeiro, do Cristo para ser mais exato, e logo abaixo umas mulatas semi nuas, e o convite:Em época de carnaval, visite o país da sacanagem. Libertinagem com mulheres, garotas, meninos e meninas...Pacote completo, satisfação garantida! Consulte-nos!


No bar, logo após o jogo, questiono alguns camaradas, a respeito do cartaz que estava fixado próximo a nosso bar. Ninguém tinha nada de concreto para me dizer, apenas falaram que era “alguém forte” da região, que estava a bancar esse tipo de turismo inusitado, com respaldo de gente grande do governo... Meras conspirações imaginei. Quero informação, não suposições.


Liguei no dia para a tal agencia e marquei com um corretor, para obter maiores informações. Sempre quis conhecer o Brasil... E para minha surpresa, por meros 4.000 euros, viajaria para o Brasil e teria garantida a “companhia” de meninas ou meninos da idade que eu escolhesse! Eles só não me garantiam os “muy chicos”, porque esses eram um pouco mais complicados de conseguir, mas de 10 anos para cima, era facílimo!


O corretor disse também que, se eu quisesse uma prévia dos acompanhantes que eu teria no Brasil, caso eu desse uma entrada, poderia conferir aqui mesmo em Madri. Autênticas “chicas brasileñas” a sua total disposição... e falava rindo, com a maior naturalidade... Mostrou-me um catálogo e pediu que eu escolhesse. Meu estômago embrulhou...


Eram crianças, 8, 10 anos, com pouca roupa, sentadas no colo de gente com o rosto desfigurado, para não serem identificados obviamente.Com o rosto mais lavado do cosmos, sorri-lhe e escolhi uma “mulatinha”. O encontro seria na rua Calle de Zurbano, 85, na mesma rua do Consulado Brasileiro em Madri. Que conveniente...


La chegando, todo o esquema estava previamente armado, assim que entrei no quarto, e fui apresentado a “la chica”, saco minha arma e me identifico como policial. Havia mais gente no quarto além do agente e da criança. Meus companheiros invadem o ambiente...


A criança saiu ilesa. Levei um tiro mas passo bem... e a rede nefasta de prostituição teve uma de suas conexões desmantelada...

Guttwein,T.

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sábado, 13 de fevereiro de 2010

Fim anunciado?


(...)

Dizem que, por volta de 1848, os barqueiros que cortavam o Rio Sena de madrugada, a trabalho, se guiavam sempre por uma luz advinda de uma pequena vela, que durante anos a fio, saía da janela de uma casinha a margem do referido rio... era um anônimo que preferia sempre o silêncio da madrugada para escrever cartas a sua amada...

(...)

O dia exato eu não sei precisar, e acho difícil quem se arrisque a dizer, mas em dado momento da História, aliás, da Pré-História, o homem, como no tal do Jogo Monopólio, avançou duas casinhas de uma só com uma única tacada. As casinhas correspondem aqui à escala evolutiva.


Passou a andar a pé e com carvão, começou a rabiscar (a sua maneira), seu cotidiano nas paredes das cavernas. Dois atos que os separaram em definitivo dos outros animais, que continuaram quadrúpedes e ágrafos.

Por isso, você que é pai/mãe, ou tem que cuidar de algum pestinha, não se zangue tanto quando seu filhote sair rabiscando a parede da sua sala com um lápis. Como vê, isso faz parte da cadeia evolutiva da humanidade!


Mas a questão que levanto aqui é a seguinte: Até que momento as crianças do século XXI, com suas mochilas mega equipadas com super notebooks, celulares de ultima geração e a mais variada gama de bugiganga eletrônica continuarão escrevendo... à mão?


É realmente de se pensar. Com um bendito notebook sempre a mão, porque “perder” tempo(?) e ocupar espaço com cadernos, lápis, lapiseiras, livros, gramáticas,dicionários...


Ou talvez seja um exagero da minha parte? Nos meus tempos de ginásio, independente de ter um micro em casa, isso não me impedia e nem me desobrigava do uso da tabuada, de uma boa régua, canetas variadas, apontador de lápis (e tudo o mis que era exigido na vida escolar). Mas só porque meu micro nunca foi portátil talvez...rs

Guttwein,T.

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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

You may say, I´m a crazy...


Como ele pode ser hipócrita dessa forma? Não consigo entende-lo! Nada justifica isso, absolutamente nada! Transmite ao mundo uma mensagem, mas não é isso que vejo nessa revista; Essa vida milionária que ele leva. Isso é uma traição ao idealismo e não ficará impune. Não mesmo.

Vou começar descobrindo seus horários, quando sai, quando volta, onde vai, com quem. Não haverá escapatória. Ele não merece fazer parte do grupo, é um farsante! Será que só eu, na face da terra consigo enxergar isso?

O fato é que, dessa minha vida, ninguém nunca reparou em mim, ao menos não como eu gostaria. Mas isso vai mudar. Basta cumprir essa missão que acabei de estabelecer e serei reconhecido por todos, ficarei mais do que famoso! Tanto é que, já pedi demissão do trabalho justamente para me dedicar a isso.

Tem um livro que eu sempre leio, e falo sempre, porque leio e releio com uma freqüência talvez até fora do normal, se chama O Apanhador no Campo de Centeio. É fantástico! Uma história sem igual. O tal Holden, personagem principal da história, assim como eu, não suporta falsidade e por isso me identifico tanto com ele.

É chegado o dia. Ele esta para chegar em casa. Quando atravessa a rua, logo aperto o passo, para não perde-lo de vista. Assim que me aproximo, reparo no relógio, quase 23:00hs, o edifício chamava-se Dakota. Em mãos, trago apenas meu revolver calibre 38. O vinil Double Fantasy, que ele havia autografado dias antes, resolvi deixar em casa.
Quando ele estava prestes a entrar em casa, terminando de subir as escadarias do edifício, o chamei, e agradeci o autografo dado a mim anteriormente. Ele olhou para trás e acenou, disse-me que não havia por onde.Virou de costas e seguiria seu caminho.

Seguiria, pois saquei meu revolver e desferi cinco tiros certeiros em suas costas. Hoje deixei de ser um anônimo.Cumpri meu papel.
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Mark David Chapman, assassinou John Lenon no dia 8 de Dezembro de 1980. Cumpre prisão perpétua desde então...
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Guttwein, T.

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quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

John and his red lantern...


Responda-me sinceramente, você já é o 5° ou 8° “profissional” que vem até conversar comigo... quantos mais virão para ouvir a mesma coisa? Será que cinco ou mais conversas anteriores não bastam? Se por tantas vezes eu sempre falo a mesma coisa, qual a razão dessa insistência? Já estou preso, o que mais você quer de mim? Mas quer saber, sempre curti bater um papo e hoje estou mesmo afim de tagarelar... Até porque, "Quem não pode nada(como é o meu caso), tem mais é que se esculhambar."

...Oras, quem não quer ser famoso, desfrutar de uma vida com muito dinheiro e rodeado de mulheres? Não sou idiota cara... assumo isso com a maior naturalidade do mundo e quem negar algo parecido com isso, é hipócrita! O caso é que dei meu jeitinho peculiar... o tal do Caryl Chesmann pode não pode?! Aliás, anota isso ae na caderneta mané... Digo de boca cheia: eu também sou um boçal! Comprei uma coisinha ou outra, mas meu fraco são as boates e as mulheres...

Mas lembro-me como se fosse ontem... o 76° roubo havia sido um sucesso total. Tal foi minha empolgação, logo migrei para o 77°. Subi a serra do mar e vim para São Paulo aprontar das minhas. Aterrorizar os porcos fardados da capital. Aquela mansão era formidável! E facílima de invadir, como sempre. Sequer levei minhas luvas, de tão confiante que estava. Seis anos na atividade e sequer suspeitas de quem andava assaltando os ricaços... Uma proeza digna de orgulho não é mesmo?

Ora, o lenço no rosto era uma coisa óbvia, não ser identificado. A lanterna com o bocal vermelho era uma preferência... nada em especial. Fugir do corriqueiro eu diria. E se o Caryl Chesmann podia, eu também podia!. E imagine comigo. Três horas da matina, você entra numa casa, corta a luz dela, armado... tem fator surpresa maior que esse? Você pega até o cachorro desprevenido! E assim eu agia.

O pulo do gato... vai ser confiante lá na casa do chapéu. To puxando 29 anos já. Nesse estilo de vida, a confiança te mata, ou te manda pro xadrez. Tudo por causa de uma maldita impressão digital que deixei na janela daquela mansão. Graças a Deus saio esse ano. Trinta anos é o limite aqui no Brasil... os outros 330 anos ficam pra conta do Estado! Não sou egoísta ao ponto de querer cumprir tudo a rigor... 30 anos para mim bastam! rs...¬¬ Imagine só, uma pena de 351 anos!!
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Após apenas quatro meses e vinte dias em liberdade João Acácio Pereira da Costa, o Bandido da Luz Vermelha foi assassinado com um tiro de espingarda no dia 5 de janeiro de 1998, durante uma briga com um suposto pescador na cidade de Joinville, Santa Catarina.
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Guttwein, T.


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domingo, 7 de fevereiro de 2010

Limiar...


Pelas suas contas, já deve ser o 8° cigarro na seqüência que ele acende. Prefere não olhar para o cinzeiro para não se espantar ou sentir aquele remorso barato e mesquinho de quem a tempos, promete a si próprio parar com esse vício maldito.As coisas de fato não vão bem. Ao menos no seu córtex.

Quando passam por ele e fazem aquela pergunta nefasta “Tudo bem com você?” ele consegue, com o rosto mais lavado do cosmos sorrir e aparentar. Deveria ter cursado artes cênicas. Já é mais do que escolado. A arte do “aparentemente tudo ÓTIMO”.

Afinal, quem começou com essa gentileza fajuta de “Tudo bem com você?”. Como se alguém, após ouvir isso, parece em plena rua e começasse a contar seus lamentos e o dia péssimo que teve. Será que alguém realmente se importa conosco quando pergunta isso, ou é como a típica conversa de elevador? Fala-se algo apenas por falar, pra ver se o tempo passa e nosso destino chega...

Sua mulher já não o entende, esse comportamento de transtorno bi-polar ou o que valha, e já deve pensar, com certa propriedade, que existe uma outra pessoa entre eles. Justo da parte dela. Mas não exato com a realidade.Tem certas coisas que não se pode explicar. Essa tristeza sem fundamento que as vezes o consome... tanta gente passando fome, ou no hospital com uma doença terminal, gente sem ter onde morar... mas a tristeza isolatória, aparentemente sem fundamento, insiste mesmo assim.Parece aço de tão intransponível.

Mas hoje ele estava decidido. Poria um fim a tudo isso. Não ao vício, não a hipocrisia barata dos cumprimentos, não a tristeza. Poria definitivamente um ponto final...na vida. Enquanto fumava mais um cigarro, olhava pela janela e tinha por sobre uma bancada, uma faca e uma arma. Refletia no que seria mais honroso. Caso caiba honra num caso assim. Morrer tipo um samurai, só que em menores proporções de dignidade, e com menos pompa, ou como um executivo da bolsa de valores que perdeu tudo... com um balaço na cabeça?

Como parou pra refletir sobre, pensou também na sua mãe, que teve uma trajetória tão complexa para que ele, mesmo nessa situação, estive ali, estivesse vivo. Ela não agüentaria mais esse tranco. Posterior, lembrou de sua mulher, e da promessa da casa com jardim, belos quadros e animais, que ele lhe havia feito. Pôs-se a chorar, como a nunca havia feito. Havia chegado tão perto do limiar do Valhalla. Acabou lembrando também,que para adentrar ao Valhalla, covardes que terminam assim não chegam nem perto...

Guttwein, T.

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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Lá e cá...


Anteriormente, a pressa não fazia parte do meu cotidiano. E por incrível que pareça, mesmo estagnado, pois é essa a impressão que passo, ando sempre com uma pressa danada. Uma ótima ilusão eu diria... Uma representação e tanto. Fato é que a chuva aqui nessa cidade não tem dado trégua, porém, nem por isso sou pego desprovido do bom e velho guarda chuva. Claro que contra esse sol imbatível que tem assolado São Paulo, prova-se muito bem vindo também. Meu fiel amigo durante toda essa jornada... Ele e minha inseparável maleta.

Quem passa por mim, costuma passar sempre correndo, e por isso, aparentemente também está apressado, mas porque, eu já não sei. Uma paisagem tão bonita como essa... pra que a pressa? Respire fundo, aproveite mais eu tento dizer... mas ninguém parece me ouvir... Também, depois da chegada do Ipod, quem dá atenção para um "alheio" ? Muitos aqui pedem para tirar uma foto ao meu lado, não sou esnobe nem nada, mas assumo que isso vez em nunca acaba me deixando com um certo ar de superstar, de famoso, entendem? Mas conversar que é bom... nada!

Acabo sabendo das coisas mesmo é na base da "orelhada". Não sou bisbilhoteiro, longe disso, mas se não for assim, acabo ficando desenformado sobre tudo que acontece por ai. Sou meio desprovido de mobilidade, mesmo aparentando o contrário, sabe...

Por exemplo, soube que meu grandessíssimo amigo Drummond de Andrade, foi assaltado por mais uma vez lá no Rio de Janeiro! O terrinha sem dono! Sequer um ícone como Drummond escapa da ação dos meliantes? Roubar óculos? O fim da picada, definitivamente...

Mas São Paulo não fica atrás no quesito marginalidade. Durante a noite, e por mais de uma vez, minha maleta TAMBÉM já foi roubada. Não é à toa que na foto, procuro não deixá-la tão em evidência...vai que tem algum larápio de olho...

Acho que é assim mesmo, vândalo parece não fazer muita distinção. A oportunidade acaba fazendo o ladrão... não é esse o ditado? Continuarei aqui, no Parque do Povo, a representar o Homem Paulista... sempre correndo, sempre atarefado, independente das condições climáticas do Estado... que cá entre nós, estão cada vez piores...

Guttwein, T.

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