quinta-feira, 20 de maio de 2010

Pensamentos de uma gata...


Gosto da vida que levo, confortável, tranquila
Nem me lembro mais do sufoco de outrora
Naquele péssimo dia, fui tirada do alto de uma árvore
E minha vida se transformou.

Ele me pegou de jeito, e eu gostei.
Me levou pra sua casa, ofereceu um cafuné
Eu dengosa, me entreguei
E ele se dispôs a cuidar de mim a vida inteira...

Hoje, prefiro estar nas alturas, confiante
Estou forte e tenho domínio sobre minha vida
Tenho lugar quente pra dormir,
Comida boa pra me alimentar.

Gosto mesmo é do meu lugar ao sol,
Me espreguiçar, sentir a liberdade
As noites são minhas melhores amigas
E as manhãs, me acolhem num repouso quieto.

Ele sempre me olha, elogia meus olhos cor de mel
Às vezes parece triste e solitário
Ele reflete, e diz que queria ser como eu
Ter garras como arma, ser independente.

Eu encaro como elogio, e concordo
Não trocaria a vida que tenho por nada
Mas só por curiosidade, na outra encarnação
Quero vir como humano, só pra variar...

E pra saber o que é sofrer...
Ariane Aleixo

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sábado, 15 de maio de 2010

Devaneios de Sócrates...

Sócrates: "Nem tudo é novidade..."

Informe Romano, 450 a.C.

Há tempos não surge uma novidade assim para abalar o Partenon, toda a Grécia está num alvoroço só, imaginem vocês. O assunto é uma nova tecnologia, que até onde se sabe, vai inovar a forma como lemos.

Para aqueles que estão alheios a tudo isso, devido as guerras em prol da expansão do Império, tento explicar... Basicamente é algo parecido a uma tábua, retangular, do tamanho de um tijolo, que embora seja fino, andam a chamar de "livro". E pasme, a novidade é tão estarrecedora, que já falam pelas vielas da Acrópole que o papiro está com seus dias contados!

O que vem para diferenciá-lo, é que, até o momento, nosso bom e velho rolo onde escrevemos, muito eficaz e precioso por sinal – 1000 anos de utilização ao menos não é para qualquer um – o tal "livro" separa a escrita em dezenas, centenas de retângulos de papel. Para ir de um parágrafo a outro, quando se chega ao fim da tal "página", é preciso virá-la e recomeçar a ler lá em cima, o que segundo alguns estudiosos (e céticos quanto a novidades), atrapalha o raciocínio, a compreensão e a leitura.

Quem já possui o tal "livro", afirma que sua maior vantagem e relação aos nossos papiros/pergaminhos está na sua praticidade. Enquanto um papiro só pode ter no máximo 10 metros de informação escrita, o "livro" guarda centenas de "páginas", o que corresponde a centenas de pergaminhos/papiros.

Às vezes, informação demais atrapalha, devo ser retrógrado ou algo assim. Mas ainda assim, estou tendenciosamente interessado nessa "novidade". Mas esses bárbaros, amantes da tecnologia, parece que nunca vivenciaram, (ou já se esqueceram pelo visto) do prazer pela busca em uma prateleira por um pergaminho específico e na busca por algo, encontrar outra leitura ainda mais interessante, há muito esquecido, porém, muito valioso culturalmente falando.

Em suma, ouçam o que eu digo: Passou-se mais de um milênio e o pergaminho sempre foi nossa principal fonte de consulta e de registro. Acho improvável que este tal "livro", essa invencionice moderna faça o pergaminho cair em desuso... Esses novidadeiros... Quem acredita nesses devaneios? Deixe-me voltar pro meu rolo de pergaminho que eu ganho é mais...

Guttwein,T.

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sábado, 8 de maio de 2010

Saudosismo...


Minha letra já não é como foi outrora. Antes, era meio que uma obrigação ter uma letra bonita, afinal, só tinha a opção de escrever. Como era bom enviar cartas... Além do que, a memória precisa de um suporte, para que nossos pensamentos não virem pó...

Mas algo que sempre me incomodou são as marcas e o esfolamento que a borracha deixa no atrito com o papel. As palavras rabiscadas. Olhando o resultado após algumas rasuras, fico meio que desanimado.

Por isso acabei cedendo tanto aos netbooks e ao smartphone ou tecnologia que os valha. Facilitam a transferência das informações para o micro ou para internet e claro, o problema das rasuras que tanto me incomodam, deixam de existir.

Apesar de contraditório, a questão é que gosto do ato físico de escrever. É gostoso pegar um lápis e desbravar uma folha de papel em branco. É como ser um artista que pinta um quadro (a grosso modo).

Por um período da minha vida, utilizei maquinas de escrever. Primeiro, uma manual, depois, uma elétrica, ambas do meu pai. Ele usava, nada mais natural que eu também as utilizasse. Hoje, tenho lá minhas dúvidas se conseguiria retornar a esses tempos. Mas a saudade dos sons que embalavam e compunham o gesto de escrever nelas nunca sairá da minha cabeça...
Com o computador, nunca mais perdi um trabalho, mas a irritação nos olhos por causa da tela e o risco de adquirir uma LER/DORT é inegável rsrs...

O caso é que, o contato com um teclado, um mouse e uma tela é meio que asséptico. O cheiro, os sons variados, e a textura do papel é algo que não consigo superar. Você escrever através de um computador, nem de longe, se assemelha a escrever manualmente ou por meio de uma máquina de escrever. Hoje não consigo reconhecer minha presença pessoal nos textos que escrevo. Sou eu, mas é como se não fosse.

Hoje, por meio do micro, é tudo anônimo. Mais abstrato impossível, beirando o impessoal. Aliás, nesses nossos tempos, o que não é assim?
Guttwein,T.

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terça-feira, 4 de maio de 2010

Oficialização da ignorância???


Lendo a Revista ÉPOCA de 19 de abril de 2010, me deparei com a seguinte matéria na coluna Mente Aberta: "Menas", por favor!

A matéria em questão traz o linguista Ataliba Teixeira de Castilho, autor da Nova Gramática do Português Brasileiro, defendendo o jeito "brasileiro" de se falar. Para resumir as quatro páginas em que a revista trata do tema, Ataliba defende que haverá um tempo em que nossa língua portuguesa se tornará tão brasileira, que formas consideradas erradas, fora da norma culta, serão dadas como corretas; e exemplifica: "ni mim", "tafalano no telefone", e "quem que chegou". "Acho que em 200 anos, teremos uma língua brasileira, totalmente diferente do português europeu e do africano", diz ele. Sobre a obra lançada recentemente, argumenta: "Não estou preocupado com o certo ou o errado. Fiz um retrato da língua como ela é falada no Brasil (...). A revista alerta que "o livro não deve ser usado como uma referência de como falar ou escrever dentro da norma culta".

Então vejamos, faço este post porque fiquei indignada com o que li. Claro que, acima, está apenas um resumo e recomendo que leiam a matéria completa aqui para que tirem suas próprias conclusões. O que me deixou abismada foi ver um educador defendendo esse tipo de coisa. Por mais que ele seja um estudioso sobre o assunto, professor renomado e que tenha objetivos científicos, não consigo enxergar a utilidade de uma publicação como esta em uma revista de grande circulação como a ÉPOCA.

Na verdade, o que não me permito concordar é que, falar utilizando termos que são aparentemente corriqueiros, que fogem às regras mínimas da língua portuguesa, mereça destaque a um linguista. Concordo que não é viável que falemos exatamente o português de Portugal. Mas também, aceitar qualquer variação como regra, excede um pouco o meu limite de tolerância. Podem me chamar de conservadora, mas não posso aceitar a defesa de que um idioma tão maravilhoso como o nosso, passe a ser falado e escrito, de maneira totalmente popular.

Em um país em que o índice de analfabetismo é enorme, entendo que uma obra dessas faz pensar que todos nós devemos nos adaptar a ignorância, e não batalharmos para que todos tenham acesso a uma educação de qualidade. Não é porque a maioria da população fala de maneira errada, é que devemos encarar isso com naturalidade, e pior, chamar de "português brasileiro", seja daqui há 20 ou 200 anos. Para mim, mais útil seria que educadores de tanto renome lançassem obras e criassem idéias para que, grande parte da população ignorante, tivesse acesso a mais educação e mais cultura. Falta sim, muita leitura e principalmente interesse ao brasileiro.

Incentivar uma população (que considera música algo como "Rebolation", idolatra as mulheres frutas e o funk, e lê no máximo o álbum de figurinhas da Copa) a falar de maneira não culta, só fará crescer a ignorância, que já é tamanha no Brasil.

Deixar com que nosso idioma seja falado com termos populares e que estes sejam considerados corretos, só reforça a pobreza cultural do brasileiro... estão querendo emburrecer (ainda mais) a nossa língua portuguesa. E uma aceitação disso, seria a oficialização da ignorância!!!
Ariane Aleixo

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