quarta-feira, 28 de outubro de 2009

De encontro ao Valhalla...


Olá, meu nome é White. Quando eu nasci, há uns 7 ou 8 anos atrás (não me lembro muito bem), eu morava numa bela casa, e que casa! Minha mãe era muito zelosa e a princípio, não deixava que ninguém chegasse muito perto de mim ou de meus irmãos(as).

Não tinha muito do que reclamar, porque, na minha visão, da minha numerosa família eu era o preferido dos meus humanos. Nunca fui bom em decorar nomes, por isso, sempre chamei a esses, que nos fornecem comida, de humanos. É assim que eles se chamam não é? “Humanos”...

O tempo passou de pressa, e logo notei que aquele cachorrinho mirrado e bonitinho começou a se desenvolver, eu comecei a me desenvolver; Músculos, sim, sempre ouvi essa palavra – “Nossa, como o nosso Branco é musculoso! Que cachorro forte!”.

Um dia, lá pelos meus 8 anos, um filhote de humano estava me aporrinhando ( é esse o termo mesmo), enquanto eu tentava me alimentar... tentava... porque ela não me dava paz. Sempre aturei o mais pacientemente possível o que esses filhotes de humanos me submetiam, mas aquela manhã não era um dia como outro qualquer.
Naquela manhã, o dia estava nublado, e por conseqüência, não pratiquei meus exercícios como era de costume. Humanos parecem ser de barro, não gostam “disso” que eu bebo no meu pote quando cai lá de cima; é água! Qual o problema?

Por conseqüência, fiquei trancado... Enfim chegou a hora que eu tanto gosto. A hora da comida! Não bastando estar trancado, lá vinha o filhote de humano pra me atazanar enquanto eu tentava comer... mas dessa vez, eu daria um susto nela!
Enquanto eu comia, o filhote de humano ficava puxando meu rabo, minhas orelhas, puxa vida!! Como doía! Resolvi então dar um chega pra lá nela e “de leve”, assim como minha mãe sempre fez comigo, dei-lhe uma mordida! Mas não era pra machucar, era só pra afastar... Era...

Se eu pudesse voltar atrás, amigos, daria a vida por isso! Não como os felinos imbecis, que tem sabe-se lá quantas vidas, mas vocês me entendem não é mesmo?
O "humano chefe" chegou correndo, e já me chutou com força... mas o que foi que eu fiz? Só queria comer em paz!! Meus exercícios, cadê? Minha tranqüilidade!?!

Fiquei trancado no porão até a luz cair e reaparecer, muito tempo depois. Nem sei por quantos dias... Sem água e sem comida. Quando a porta se abriu, a luz me incomodou um bocado. Não houve carinho,nem exercícios, nem a palavra “musculoso”, tão habitual. O que houve foi uma corrente passando pelo meu pescoço violentamente, e na seqüência, já fui puxado pra parte de trás daquilo que os humanos usam para se locomover. Essa lata sobre rodas.

Passear, uma hora dessas? Estou fraco, faz tempo que não como, e que sede!!

Reparei pela janela que nunca tinha ido aquele lugar, só havia mato, e mais nada! A coisa de lata pára e meu humano desce, e vem ao meu encontro...

Ele me puxa pela corrente e anda na minha frente, ele nunca faz isso, sempre andou do meu lado, éramos parceiros! Mas os seus olhos não me enganam, nunca vi aquele olhar triste.
Ao chegar numa árvore, ele passa a corrente num galho, me prende, e senta-se ao meu lado e começa:

- “Como você pode White, sempre teve de tudo! TUDO!! Como pode fazer o que fez com minha filhota!? Todos me alertavam que era perigoso, que eu não deveria confiar tanto assim, que sua raça era instável, não era confiável” e por ai afora...

Como eu gostaria de saber falar, bom, falar esse linguajar estranho dos humanos, me defender! Na primeira pisada na bola já serei descartado assim? Que covardia!! E os anos de companhia, de dedicação e paciência? Como é que ficam?
Meus músculos já não são como outrora, tenho lá meu porte, meu garbo, mas não o suficiente para arrebentar esse galho e correr atrás dele, voltar para minha casa, meu mundo!

- “Não me deixe aqui humano, mordi seu filhote mas não foi por mal, só queria comer em paz! ”, gritava eu, bem alto, mas ele sequer olhou para trás... me deixou atrelado a árvore a partiu, com sua lata sobre rodas...

---------------------------------------------------------
Estou definhando, sequer consigo me manter em pé, mas nunca me esquecerei dos dias gloriosos que vivi com meus humanos... Nunca. Não sei o que significa ingratidão, ou rancor , essa que é a verdade. O "Valhalla canino" me aguarda...
---------------------------------------------------------
Guttwein, T.

domingo, 25 de outubro de 2009

A realidade e a cefaléia crônica...


Ao que parece, ao menos para o IBGE, a renda do brasileiro médio cresceu, o desemprego caiu e estaríamos voltando aos patamares da pré-crise. (E isso é bom?)


Mas a realidade, fora da estatística do IBGE prova-se inversa... Quer um exemplinho bem claro e objetivo?


No Rio de Janeiro, abriu-se vaga para concurso, vaga de gari. Ao que parece, eram 1.400 vagas disponíveis.

Benefícios: Vale-transporte, plano de saúde, tíquete-alimentação e claro, o “atrativo máximo”, o salário: R$ 486,10. O suficiente para atrair 109.193 inscritos até ontem (25/11/09, ultimo dia de inscrição), dos quais 45 doutores, 22 mestres, 1026 candidatos com nível superior completo e 3.180 com superior incompleto.


Diante de todos esses formados e estudiosos, seria absolutamente injusto para quem tem apenas a 4ª série do ensino fundamental concorrer a essa vaga. Porém, há o teste físico, e ai está a compensação... testes físicos provam-se muito mais úteis a essa profissão tão sofrida do que os títulos e canudos.


Sabe qual é o risco de tais pessoas prestarem essa prova? É o sujeito ou a fulana sair com a nítida impressão de que estudou tanto, mas nem para gari serve! ¬¬ rsrs...


Os formandos mal tiram a beca da tão sonhada formatura e o que acontece? O jornalista disputa qualquer vaguinha em qualquer repartição pública. A engenheira corre para um concurso de fiscal da Receita. Advogados caem Às pencas de toda a parte, desde taxistas até porteiros! E daí por diante...


Na terça-feira passada, nosso ilustre presidente nacional esteve todo orgulhosinho, ao afirmar que o ProUni colocou quase o mesmo número de estudantes que as universidades federais desde que elas existem... Mas eu pergunto... PARA QUE ?!


Encher indiscriminadamente entidades privadas com alunos, só tende a frustrá-los num futuro próximo. Profissionais com um diploma, mas, que provam-se inúteis, mero enfeite de sala! Há muito investimento a fazer em educação, inclusive no ensino público superior e no profissionalizante!


Será que é assim que se melhora o tal I.D.H (Índice de Desenvolvimento Humano), a qualidade do emprego e a própria educação?


O jeito por enquanto, é continuar matando cachorro a grito, e se preparar um pouco mais, para os tais testes de aptidão física... ¬¬

Guttwein, T.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Prometa que vai tentar...


Sem moralismo. Nós costumamos lutar pelas conquistas sociais, pensamos no bem geral, na justiça entre os homens – mas sabe até que ponto? Até onde toda essa gama de ideais não interfiram nos nossos interesses pessoais...essa que é a verdade!


Eu provo!


Qual o motivo de escolha do seu candidato? Talvez, por exemplo, ele tenha prometido lutar para que você, mulher, tivesse o direito de ficar 4 meses em casa depois do parto.


Tenho uma conhecida que tem empregada em casa... ela adora a mulher, até porque trata os filhos da patroa como se fossem seus. Os serviços de casa nunca foram objeção ou motivo de discussão entre elas. Mas pergunto: Será que ela (patroa) ficou realmente feliz quando soube “de surpresa” que a empregada estava grávida? Ou lá no fundo, ela pensou que a empregada não precisava inventar esse filho logo agora? (O bebê esta previsto para começo de Dezembro, e portanto, a empregada vai deixá-la sozinha no Natal, no Ano Novo e no Carnaval, e ainda por cima nas férias).


Não está satisfeito(a)? Ficou meio vago? Vamos lá...


E quando você vai a uma festa daquelas, no sábado, e domingo, em pleno horário de verão, as 9 da matina, bem na porta da sua casa, estaciona um caminhão de som convidando a todos os moradores da região para uma festa na paróquia mais próxima... com direito a muito discurso em prol da região e música popular (lê-se samba)... pergunto: Dá pra ir lá fora e dizer o que você realmente pensa a cerca do convite, dizer “na lata” o que passa pela sua cabeça? Ou é melhor ficar calado pra não ser tachado de nazista!?


Certo,certo...


Vivemos num país desigual...fato. E você que pode ir a shows dos seus artistas prediletos, naquelas casas de shows bacanas, deveria se sentir um privilegiado. O Estado de São Paulo, anda com os tais “projetos culturais”, em paralelo a essa situação, querendo integrar a população com manifestações artísticas a custo zero. Sábado, domingo, feriado... bravíssimo!

Pergunto: Um desses palcos é a 50 m da sua casa, e todo fim de semana, enquanto a galera vibra,canta e dança com o Zé Ramalho, ou o Mano Brown, você, que trabalha a semana inteira e tudo o que queria era silêncio para por a leitura em dia, opa, só lembrando que foi quem votou no tal candidato que promoveu e agora integra a população dessa forma, levando alegria a massa... enfim, você; amaldiçoa o evento e torce para cair um raio bem no meio da aglomeração ou fica feliz, vendo o povo contente nas ruas?


Difícil ter coerência diante de todas essas situações não é mesmo? Ainda mais quando nosso sono, nossa casa, nossos filhos ou nossa vida é que está na reta... Mas se você não tentar... Eu não sou nenhum Dalai Lama, aliás, muitissimo pelo contrário... mas eu tento diariamente exercitar minha paciência diante dos infortúnios do dia a dia... nem sempre funciona, mas isso não vem muito ao caso! Só a reflexão já vale...rs

Guttwein,T.