segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Outro Alguém...


Todos os dias antes de dormir, os pensamentos lhe vêm à cabeça como um furacão de imagens... São tantas e tantas coisas. Se sente confusa, perdida. - Por que não consigo fazer dar certo? - A impaciência é grande dentro de si. Tudo está ali: o início, bons momentos, conquista, felicidade. Quando ELE chegou, a encantou. Mudou sua vida como jamais esperava, a tratava de modo incomparável, o olhar era algo indescritível, o toque sensível era único. Ela estava completa e não precisava de mais nada. - Ele é tudo que sonhei!

Rapidamente se tornaram UM. AMOR, simplesmente não era suficiente para defini-los.

Como se quisesse urgentemente fazer parar de doer, abriu os olhos. E era ela novamente ali, no quarto, sozinha. O sono já não lhe queria fazer companhia há algum tempo. O coração parecia implorar por um batimento, mas o que teve foi um impulso incontrolável que, de dentro pra fora, num piscar longo de olhos, fez escorrer por seu rosto a dor...

De uns meses pra cá, aquele outro alguém insistia em lhe confortar. Na cama, passava todas as noites ao seu lado. Quase sem querer, tomou o lugar DELE. Se tornou totalmente presente em sua vida. Se sentia tão só, que involuntariamente arranjou alguém pra passar os dias.

Em seus pensamentos, jamais desejava esquecê-lo. Mas a solidão a deixou vulnerável, abriu espaço para que outro alguém entrasse. Ela acabou se acostumando. Seu dia era corrido, mas de noite, quando se deitava, havia uma briga entre eles. Um estava em seu coração, outro estava ali, ao lado. Tudo a deixava tão confusa, pensava nesse tipo de "traição". Sua única vontade era inverter os papéis. - Era ele quem deveria estar aqui... - suspirava.

Pensava se tinha errado. Tentava encontrar explicações. Tudo era tão perfeito, mas os acontecimentos da vida os afastaram, "minaram" o amor. Questionava se ELE também tinha um outro alguém, como ela. Preferia não pensar na resposta.

Os segundos rompiam pela madrugada. Achou melhor tomar o remédio, pois tinha que tentar ter o mínimo de sono. Tomou, ajeitou o travesseiro, tomando cuidado com o outro alguém. Agora que o remédio começava a fazer efeito, não queria acordá-lo, seria pior. Permanecia com a certeza de que ficaria com ELE, algum dia... ELE era o amor da sua vida. Era preciso ter paciência.

Enquanto isso se conformaria em ficar assim. Sabia que não tinha feito por maldade tê-lo trocado. Seu raciocínio já estava lento, e o sono chegava de leve...

Dormiu confusa, pensando em porque tinha arranjado outro alguém chamado "Saudade"...
Ariane Aleixo


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domingo, 21 de novembro de 2010

Podia ser você...

Vida de proletário é assim...

Sentado, olhando através da janela do coletivo, acabou se distraindo e não deu muita importância a questão do horário. Já passava das 23:45hs e ainda assim havia trânsito. As idéias fluíam em sua mente como folhas de árvores caindo num dia de outono; Um turbilhão de idéias... Problemas familiares, empréstimos com amigos, boleto da faculdade, relação difícil com a namorada, desilusão... A lista era grande, difícil até para priorizar.

Olhava para fora enquanto tentava se concentrar, procurando afinal a porta de saída para alguns de seus problemas, porém a música advinda de um celular estava o incomodando. “Papanamericano”. Olhou direta e fixamente para o rapaz que portava o celular, a fim de censurá-lo, mas pouco adiantou. Da mesma forma que ele, o rapaz estava compenetrado em seus pensamentos, um olhar vazio para o nada... E simplesmente nem se dava conta do incômodo que causava aos demais dentro do coletivo com a música alta. Ou simplesmente não ligava...

Uma vez já não mais fiel aos seus pensamentos, passou a olhar atentamente as pessoas que estavam ao seu redor. Inúmeras feições de cansaço, misturadas a expressões de preocupação. As pessoas podem não se comunicar diretamente, mas uma vez distraídas, perdidas nas suas idéias, o rosto as entrega. E percebeu então, que não era só ele que devia estar passando por momentos difíceis.

Diante desse panorama, imaginou então que aquela bendita sensação de levantar diariamente com dois pés esquerdos não pertencia somente a ele.

Ansiou então, poder agir como no filme “Efeito Borboleta”... Voltar ao passado e mudar alguns pequenos detalhes, que obviamente iriam alterar seu presente. Mas olhou para baixo e deu um riso discreto e meio amargurado. Agora, censurando internamente a si por permitir-se pensar assim. Seria a mesma coisa que sair de casa desejando encontrar uma maleta recheada de dólares. Essa era a solução para tudo? Viver de ilusões? Sabia que não... Mas ainda assim, como lidar com tantas coisas ao mesmo tempo?

“Welcome to the Jungle” balbuciou para si... Hora de descer por falar nisso. Desejou boa noite para um desconhecido que estava próximo a porta traseira do coletivo no momento em que descia e foi-se embora. Havia ainda de caminhar um bom pedaço até chegar em casa. Mais alguns minutos para meditar sobre as benditas soluções dos seus inúmeros problemas... Achar a tal maleta com dólares não seria tão ruim assim pensou novamente... (rsrs!)

Guttwein, T.


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