sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

UM BRINDE!!! Aos advogados-cidadãos!!!


UM BRINDE!!! A quê??? Não, não... a quem. Um brinde a mim e aos meus amigos (e só os amigos mesmo, do coração) de faculdade que cumpriram seu papel! Sim senhores, eis que são lançados no mercado mais uma leva de advogados (as). Mas, nós não somos iguais, e não somos arrogantes... porém, peço licença aos profissionais das outras áreas pra podermos nos vangloriar. E dizer com imenso orgulho: “Sou formada em Direito!”.

Apesar de eu não trabalhar na área, e ter me decepcionado muito com o mundo jurídico ao longo da minha faculdade, sinto orgulho do meu esforço, do meu estudo, dos conhecimentos que adquiri e o principal, de ser uma profunda conhecedora das leis desse país. E afirmo: Direito deveria ser um curso obrigatório! Sim, porque adoramos reclamar do Brasil, criticar as pessoas, os políticos, a miséria... e o que fazemos? Nós, cidadãos que somos, onde está nossa parcela de culpa? Para muitos é assim, o governo que se vire e pronto!

Muito do que o Brasil é hoje, é uma conseqüência das atitudes de cada um de nós. E vejo isso em pequenos gestos. Se compramos um produto com defeito, preferimos aceitar ao invés de processar o fornecedor. Se nossos utensílios domésticos queimam numa tempestade, jamais cogitamos a hipótese de responsabilizar juridicamente a companhia responsável pelo fornecimento de luz. Se o mecânico nos engana superfaturando no valor das peças, simplesmente pagamos por não entender do assunto. E outros milhões de casos que poderiam exemplificar a pacificidade dos cidadãos diante das coisas erradas.

É minha gente, a justiça está aí, as leis também! E ao contrário do que muitos pensam, ela não é ineficaz (claro, há sim reformas a serem feitas), mas temos leis poderosas e eficazes, como o Código de Defesa do Consumidor, o Estatuto da Criança e do Adolescente e outras, apenas esperando que os cidadãos as utilizem como instrumento de justiça! E pra provar lhes digo: somente nesse semestre de 2008, minha mãe foi vencedora de 4 processos judiciais e eu estou prestes a vencer o terceiro. Ou seja, só aí temos 7 causas ganhas, sendo todas decididas no Juizado Especial Cível, no qual não é necessário ser representado por um advogado. Inclusive, minha mãe foi citada em uma matéria no Jornal da Tarde de São Paulo como exemplo de cidadã que busca seus direitos e faz com que as leis sejam cumpridas. E ainda tenho que escutar da minha gerente no trabalho: “mas que vergonha, sair no jornal por processar todo mundo”. Só coube a mim uma resposta, que serviu pra ela e serve também aos pacíficos de plantão: “vergonha é baixar a cabeça e aceitar o que está errado, estamos recorrendo aos NOSSOS direitos. Se tem alguém que deve sentir vergonha aqui, são os que enganam o consumidor!”.

Tudo isso pra dizer do orgulho que tenho em ter chegado até aqui. Homenagear os profissionais honestos, servidores da justiça. Os que carregam consigo a carteirinha vermelha almejada por muitos (OAB). Os meus amigos de faculdade, que muito lutaram!

E digam o que quiserem... que “nos achamos”, que somos arrogantes, que somos insuportáveis... Nós sabemos, somos uma parcela favorecida da população e por isso nos vangloriamos tanto.
UM BRINDE!!! Aos honestos detentores e conhecedores da LEI! Aos que questionam, exercem, e brigam por seus direitos e pelos direitos dos outros! Mais do que ADVOGADOS... CIDADÃOS!
Ariane Aleixo

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Salve a nossa criativa língua portuguesa...


Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no elevador. Um substantivo masculino, com um aspecto plural, com alguns anos bem vividos pelas preposições da vida. E o artigo era bem definido, feminino, singular: era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado nominal. Era ingênua, silábica, um pouco átona, até ao contrário dele: um sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem, fanáticos por leituras e filmes ortográficos.

O substantivo gostou dessa situação: os dois sozinhos, num lugar sem ninguém ver e ouvir. E sem perder essa oportunidade, começou a se insinuar, a perguntar, a conversar. O artigo feminino deixou as reticências de lado, e permitiu esse pequeno índice. De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro: ótimo, pensou o substantivo, mais um bom motivo para provocar alguns sinônimos. Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeça a se movimentar: só que em vez de descer, sobe e pára justamente no andar do substantivo. Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela em seu aposto. Ligou o fonema, e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, bem suave e gostosa. Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela. Ficaram conversando, sentados num vocativo, quando ele começou outra vez a se insinuar. Ela foi deixando, ele foi usando seu forte adjunto adverbial, e rapidamente chegaram a um imperativo, todos os vocábulos diziam que iriam terminar num transitivo direto.

Começaram a se aproximar, ela tremendo de vocabulário, e ele sentindo seu ditongo crescente: se abraçaram, numa pontuação tão minúscula, que nem um período simples passaria entre os dois. Estavam nessa ênclise quando ela confessou que ainda era vírgula; ele não perdeu o ritmo e sugeriu uma ou outra soletrada em seu apóstrofo. É claro que ela se deixou levar por essas palavras, estava totalmente oxítona às vontades dele, e foram para o comum de dois gêneros. Ela totalmente voz passiva, ele voz ativa. Entre beijos, carícias, parônimos e substantivos, ele foi avançando cada vez mais: ficaram uns minutos nessa próclise, e ele, com todo o seu predicativo do objeto, ia tomando conta. Estavam na posição de primeira e segunda pessoa do singular, ela era um perfeito agente da passiva, ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seu grande travessão forçando aquele hífen ainda singular.

Nisso a porta abriu repentinamente. Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha percebido tudo, e entrou dando conjunções e adjetivos nos dois, que se encolheram gramaticalmente,cheios de preposições, locuções e exclamativas. Mas ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tônica, ou melhor, subtônica, o verbo auxiliar diminuiu seus advérbios e declarou o seu particípio na história. Os dois se olharam, e viram que isso era melhor do que uma metáfora por todo o edifício. O verbo auxiliar se entusiasmou e mostrou o seu adjunto adnominal. Que loucura, minha gente. Aquilo não era nem comparativo: era um superlativo absoluto. Foi se aproximando dos dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele predicativo do sujeito apontado para seus objetos. Foi chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao seu tritongo, propondo claramente uma mesóclise-a-trois. Só que as condições eram estas: enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria ao gerúndio do substantivo, e culminaria com um complemento verbal no artigo feminino.

O substantivo, vendo que poderia se transformar num artigo indefinido depois dessa, pensando em seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final na história: agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, jogou-o pela janela e voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigo feminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva.
Ariane Aleixo

OBS: texto elaborado por uma aluna da Universidade Federal de Pernambuco, porém não recebi o nome dela, se alguém souber, envie-me por favor.